A notícia de que Itacuruba, a 470 km do Recife, receberá a instalação da primeira usina nuclear do Nordeste começa a gerar arrependimento dos 4 mil habitantes da cidade e de alguns pernambucanos em outras localidades do estado.
O empreendimento de R$ 10 bilhões
começou a ser rejeitado depois do que ocorreu no Japão e será deflagrado um movimento, esta semana, em Pernambuco contra a instalação da usina nuclear.
CONHEÇA TODA HISTÓRIA:Documento estatal responsável pela implantação das usinas no País aponta cidade sertaneja como a que reúne as melhores condições de receber uma unidade no Nordeste, pela fartura de água e proximidade das linhas de transmissão da Chesf.Itacuruba é 1ª opção para usina nuclearDocumento oficial da Eletronuclear aponta a cidade como idealUm documento oficial do escritório regional da Eletronuclear no Recife, estatal responsável pela implantação e operação de usinas nucleares no governo federal, aponta a cidade de Itacuruba, no Sertão do São Francisco, distante 481 km do Recife, como a primeira opção para a instalação de uma usina nuclear no Nordeste. Até então, o que se divulgava oficialmente é que o empreendimento poderia ser localizado em alguma cidade às margens do Rio São Francisco.Segundo o documento, a área reúne as melhores condições porque conta com solo estável, oferta de água em abundância (usada para resfriar os sistemas de geração) e localiza-se nas proximidades das linhas de transmissão da Chesf. O terreno apontado como opção no estudo fica às margens do Lago de Itaparica, no Sertão.“Em Pernambuco, o local escolhido é Itacuruba. É o local mais adequado ao projeto. Outros Estados também têm interesse e o governo Dilma pode fazer duas centrais”, afirma uma fonte do governo do Estado, sob reserva.A baixa densidade populacional ajudou. Segundo o IBGE 2010, Itacuruba só tem 4.400 almas. Uma usina nuclear geralmente é instalada em área de baixa densidade por conta dos planos de segurança, que prevêem retirada de todas as pessoas próximas da planta industrial, em caso de emergência.O prefeito de Itacuruba, o socialista Romero Magalhães Ledo, está eufórico com a indicação. A escolha da cidade ajudaria o governo Eduardo Campos a interiorizar o desenvolvimento, especialmente na área da cidade polo de Belém de São Francisco, administrada pelo também socialista Gustavo Caribé.Com a concretização do investimento, a cidade mudará de patamar, com obras e investimentos sociais. A Eletronuclear paga uma fortuna em royalties para os municípios que abrigam empreendimentos da mesma natureza, como compensação ambiental. Na fase de construção, a obra pode demandar mais de 2.500 empregos. Para operação, cerca de 600 pessoas seriam necessárias, ajudando a manter uma renda elevadad na cidade.A Eletronuclear já fez três missões à área, chamada de Sítio Belém de São Francisco. Cerca de 8 quilômetros quadrados já estariam reservados. Pelo estudo da Eletronuclear, a seleção do sítio preferencial teria que se dar este ano. Itacuruba foi escolhida após passar por uma peneira. Foram estudados 10 sítios primários em quatro Estados (Pernambuco, Bahia, Sergipe e Alagoas). A área preferencial ficou entre Pernambuco e a Bahia, de cinco opções propostas.O empreendimento tem custo estimado em R$ 10 bilhões em até oito anos. Segundo o documento, a Central do Nordeste teria seis usinas, com capacidade de geração de cerca de 6.600 megawatts, com seis reatores e vida útil de 60 anos. Com expectativa de lucro de R$ 630 milhões por ano, o retorno do projeto ocorreria em até 16 anos.Escolha do local será uma decisão políticaPróprio documento da Eletronuclear frisa que confirmação do local que vai abrigar a usina levará em conta o reflexo político. Estados como Pernambuco, Bahia e Alagoas disputam investimentoO documento interno da Eletronuclear frisa, com todas as letras, que a decisão sobre a localização da usina nuclear no Nordeste será política. A localização exata depende de uma decisão política do governo Dilma Rousseff. Oficialmente, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe disputam as centrais. As usinas estão programadas para entrar em funcionamento até 2030.Procurada pela reportagem do JC, o dirigente do escritório regional, Carlos Henrique Mariz, preferiu não se pronunciar. “Itacuruba é um bom local, mas não está decidido”, limitou-se a dizer.De acordo com fontes do governo Eduardo Campos, como são duas no Nordeste, a segunda usina poderia ir para a Bahia, beneficiando o PT do baiano Jaques Wagner.Numa época em que se discute a sucessão na Chesf, com a possível troca de diretoria, o assunto usina nuclear, naturalmente polêmico, por envolver interesses políticos regionais, é mantido em absoluta reserva. Há o receio de que falar sobre o assunto oficialmente pode ser negativo, por evocar reações dos Estados preteridos.No entanto, agora no começo do mês de março, o assunto voltará a ser tratado oficialmente pelo governo Dilma, já estando convocada uma reunião para apresentação de todos os sítios elencados como potenciais candidatos.Além do apagão energético no Nordeste, a escolha do local da usina nuclear deve mobilizar os bastidores do encontro da presidente Dilma com os governadores do Nordeste, nesta segunda-feira, em Sergipe.Outro ponto polêmico que o documento revela é que o projeto do governo federal prevê a participação de empresas privadas para o financiamento das obras.Desde o ano passado, além da maior participação da indústria brasileira no fornecimento de materiais e peças para o setor, o governo vem debatendo a possibilidade de a iniciativa privada construir e operar essas novas instalações, por meio de concessões, como já acontece com usinas hidrelétricas, por exemplo.Mudanças no marco regulatório são defendidas com ênfase pelas grandes empreiteiras brasileiras e empresas multinacionais que atuam na área de energia. Também contam com o apoio de empresas internacionais fornecedoras de equipamentos e operadoras de instalações nucleares, como a Areva e a Westinghouse. Atualmente, a área nuclear é monopólio estatal. Parcerias privadas só começaram a ser admitidas recentemente, na exploração da mina de urânio de Santa Quitéria, no Ceará.
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